segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Tratamento aos servos



Nesta parábola nos são apresentados quatro tipos de servos, neles vemos o comportamento de todos os crentes que são responsáveis pela alimentação do rebanho de Deus na terra.
E disse-lhe Pedro: Senhor, dizes essa parábola a nós, ou também a todos?
E disse o Senhor: Qual é, pois, o mordomo fiel e prudente, a quem o senhor pôs sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração?
Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo assim.
Em verdade vos digo que sobre todos os seus bens o porá.
Mas, se aquele servo disser em seu coração: O meu senhor tarda em vir; e começar a espancar os criados e criadas, e a comer, e a beber, e a embriagar-se,
Virá o senhor daquele servo no dia em que o não espera, e numa hora que ele não sabe, e separá-lo-á, e lhe dará a sua parte com os infiéis.
E o servo que soube a vontade do seu senhor, e não se aprontou, nem fez conforme a sua vontade, será castigado com muitos açoites;
Mas o que a não soube, e fez coisas dignas de açoites, com poucos açoites será castigado. E, a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou, muito mais se lhe pedirá.
Lucas 12:41-48
O primeiro servo é fiel e prudente, de prêmio pela sua fidelidade recebe uma mesa preparada pelo seu senhor e é colocado sobre todos os seus bens na terra – os mansos herdarão a terra, palavras de Jesus em Mateus cinco no sermão do monte. Já do segundo ao quarto servo vemos displicência, ligada fortemente a incredulidade do poder de Deus e desconhecimento da palavra dEle.
Dizer no seu coração, meu senhor tarda em vir, é pregar para si mesmo uma mensagem de morte que o Senhor não pregou. Quem falou que Jesus tarda em vir? Se Ele falou para seus discípulos daquela geração que alguns deles não morreriam sem que vissem o reino de Deus (Lucas 9:27), e a respeito de João disse; ”se eu quero que ele fique até que eu venha”.
“Virá o senhor daquele servo no dia em que o não espera”. Para quando esperamos Jesus? Ou no fim do mundo, ou no dia da nossa morte, mas a palavra aqui é que ele virá num dia diferente desses.
Se o servo colocar no seu coração que o Senhor Jesus tarda em vir, começará a viver por sua própria conta e será surpreendido pela vinda do Senhor Jesus – Há um dia para aquele servo infiel, e aquele dia não será o seu último dia de vida, mas ele não compartilhará mais com os servos fiéis e sim com os infiéis.
Se a recompensa boa começa a ser distribuída na terra, a recompensa má não é diferente, sentar a mesa e ser servido pelo Senhor, é tão certo como receber dele o tratamento com os infiéis.


  

O Evangelho de Mateus - Capítulo Vinte ao Vinte e Dois

Em Mateus 20, temos registrada a parábola do dono de casa que saiu de madrugada para
assalariar trabalhadores para a sua vinha, ajustando o salário de um denário ao dia. Mateus é o único dos Evangelistas que se refere a esta parábola, e a sua pertinência ao lugar que ocupa no evangelho dele é mais do que evidente. Ela salienta uma característica do reino de Cristo. Essa parábola nos diz como, ao final do dia, quando os trabalhadores vieram receber o salário
combinado, houve murmuração entre eles, porque os contratados na décima primeira hora
receberam o mesmo que aqueles que trabalharam durante o dia todo. De fato, não há nada
novo debaixo do sol; eis a insatisfação dos trabalhadores já no primeiro século! O Proprietário da vinha Se justifica lembrando aos trabalhadores descontentes que Ele pagou a cada um aquilo que eles concordaram em receber, e depois perguntou: "Porventura, não me é lícito fazer o que quero do que é meu?" Ele agiu, assim, como Soberano, segundo o Seu direito de pagar aquilo que Ele quisesse, sem prejudicar a ninguém por fazê-lo.

Mateus capítulo vinte e dois
Em Mateus 22, encontramos a parábola das bodas do filho do rei. Uma parábola muito
semelhante a esta nós encontramos no Evangelho de Lucas e, ao mesmo tempo que há vários
pontos semelhantes entre elas, contudo há algumas diferenças evidentes. Em Lucas 14.16,
lemos: "Certo homem deu uma grande ceia e convidou muitos", enquanto em Mateus 22.2
lemos: "O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho". No final
desta parábola, em Mateus, aparece algo que não tem nenhum paralelo em Lucas. Aqui se lê:
"Entrando, porém, o rei para ver os que estavam à mesa, notou ali um homem que não trazia
veste nupcial e perguntou-lhe: Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial? E ele emudeceu.
Então, ordenou o rei aos serventes: Amarrai-o de pés e mãos e lançai-o para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes" (22.11-13). Não precisamos nem mencionar como isso
evidencia a autoridade do rei.

Por Que Quatro Evangelhos? — A. W. Pink 

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Pecado contra o Espírito Santo – O que é

Pecado contra o Espírito Santo – O que é

 Marcos 3: 22 – 30
E os escribas, que tinham descido de Jerusalém, diziam: Tem Belzebu, e pelo príncipe dos demônios expulsa os demônios.
E, chamando-os a si, disse-lhes por parábolas: Como pode Satanás expulsar Satanás?
E, se um reino se dividir contra si mesmo, tal reino não pode subsistir;
E, se uma casa se dividir contra si mesma, tal casa não pode subsistir.
E, se Satanás se levantar contra si mesmo, e for dividido, não pode subsistir; antes tem fim.
Ninguém pode roubar os bens do valente, entrando-lhe em sua casa, se primeiro não maniatar o valente; e então roubará a sua casa.
Na verdade vos digo que todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, e toda a sorte de blasfêmias, com que blasfemarem;
Qualquer, porém, que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do eterno juízo
 (Porque diziam: Tem espírito imundo).


Muito se diz que pecar contra o Espírito Santo é rejeitar a salvação em Cristo Jesus não crendo nEle. O Senhor, no entanto diz que o pecado contra o Espírito Santo é um pecado imperdoável. Logo, os que resistem a crer podem fazê-lo por um pouco de tempo e depois serem conduzidos ao arrependimento. Outros resistirão e não crerão. Então resistir a crer não é blasfêmia contra o Espírito porque alguns são perdoados. Pecar contra o espírito é mais do que resistir a salvação.

Jesus está dizendo àqueles que dizem: “tem espírito imundo” – Qualquer que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão. Então pecar contra o Espírito não é resistência a crer em Jesus como Salvador, quem resiste pode obter perdão quando suas resistências forem quebradas pelo Senhor. Mas o pecar contra o Espírito nunca obterá perdão. E para que não ficasse dúvida o Senhor diz; “será réu de eterno juízo”. Pecar contra o Espírito Santo é falar mal dEle, blasfemar contra Ele.

Aqueles mestres de Bíblia estão dizendo que o Espírito que estava em Jesus era imundo, já estavam condenados irremediavelmente, cometeram um pecado imperdoável. É deste pecado que o apóstolo João faz referência em sua primeira carta no capítulo cinco verso dezesseis “... Há pecado para a morte, e por esse não digo que ore”. Um pecado que não será perdoado pelo Senhor Jesus, não adianta orar – a palavra de Jesus contra os que pecam contra o Espírito Santo é: Qualquer que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca obterá perdão, mas será réu do juízo eterno.


O Evangelho de Mateus - Capítulo Quinze ao Dezoito

Mateus Capítulo quinze
Em Mateus 15, temos o conhecido incidente da mulher cananeia que se achega a Cristo em
busca de ajuda para sua filha horrivelmente endemoninhada. Marcos também relata o mesmo
fato, mas omite várias características que Mateus registra. Citamos primeiro o relato de
Marcos, e depois o de Mateus, destacando com itálico as expressões que revelam o especial
propósito do Evangelho de Mateus. “Tendo entrado numa casa, queria que ninguém o
soubesse; no entanto, não pôde ocultar-se, porque uma mulher, cuja filhinha estava possessa de espírito imundo, tendo ouvido a respeito dele, veio e prostrou-se-lhe aos pés. Esta mulher era grega, de origem siro-fenícia, e rogava-lhe que expelisse de sua filha o demônio. Mas Jesus lhe disse: Deixa primeiro que se fartem os filhos, porque não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela, porém, lhe respondeu: Sim, Senhor; mas os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem das migalhas das crianças. Então, lhe disse: Por causa desta palavra, podes ir; o demônio já saiu de tua filha” (Marcos 7.24-29). “E eis que uma mulher cananeia, que viera daquelas regiões, clamava: Senhor, Filho de Davi , tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada. Ele, porém, não lhe respondeu palavra (porque, como gentia, ela não tinha direito de dirigir-se a Ele como “Filho de Davi”). E os seus discípulos, aproximando-se, rogaram-lhe: Despede-a, pois vem clamando atrás de nós. Mas Jesus respondeu: Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Ela, porém, veio e o adorou, dizendo: Senhor, socorre-me! Então, ele, respondendo, disse: Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cachorrinhos. Ela, contudo, replicou: Sim, Senhor, porém os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos. Então, lhe disse Jesus: Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se contigo como queres. E, desde aquele momento, sua filha ficou sã” (Mateus 15.22-28).

17 Mateus Capítulo dezesseis
No primeiro versículo de Mateus 16, lemos como os fariseus e saduceus se aproximaram
de Cristo para O tentar, pedindo que lhes mostrasse um sinal do céu. Tanto Marcos como
Lucas referem-se ao incidente, mas nenhum deles registra, na resposta do Senhor, aquilo que
aqui encontramos nos versos 2 e 3: “Ele, porém, lhes respondeu: Chegada a tarde, dizeis:
Haverá bom tempo, porque o céu está avermelhado; e, pela manhã: Hoje, haverá tempestade,
porque o céu está de um vermelho sombrio. Sabeis, na verdade, discernir o aspecto do céu e
não podeis discernir os sinais dos tempos ?” Os “sinais dos tempos” eram o cumprimento das
predições do Antigo Testamento concernentes ao Messias. Todas as provas já se haviam dado a Israel de que Ele era, de fato, Aquele que havia sido prometido. Ele nascera de uma “virgem”
em Belém, o lugar anunciado; um precursor tinha preparado o Seu caminho, exatamente como Isaías tinha profetizado; e, somando-se a isso, havia as Suas poderosas obras, exatamente como estava nas profecias. Mas os judeus estavam cegos pelo seu orgulho e por sua justiça própria. O fato de apenas Mateus mencionar a referência do Messias a esses “sinais dos tempos” é outra evidência do evidente caráter judaico deste Evangelho.

Em Mateus 16.18 e 18.17, a “igreja” é mencionada duas vezes, e Mateus é o único dos
quatro Evangelistas que faz menção direta a ela. Isso tem confundido muita gente, mas a
explicação é muito simples. Como já mencionamos, o grande propósito do primeiro Evangelho
é mostrar como Cristo Se apresentou aos judeus, como eles O rejeitaram como Messias, e
quais foram as consequências disso, ou seja, Deus rejeitou temporariamente a Israel, e visitou
os gentios com soberana graça para formar um povo para Seu nome. Dessa forma, é-nos
mostrado aqui como e por quê, nesta dispensação, a Igreja substituiu a teocracia judaica.

Por Que Quatro Evangelhos? — A. W. Pink

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

O Evangelho de Mateus - Capítulos Dez ao Treze

Mateus capítulo dez
Passemos agora para Mateus 10 (em 8 e 9, temos a autenticação do Rei por meio dos
milagres extraordinários por Ele realizados). Nos versículos iniciais, encontramos um incidente narrado em todos os três primeiros Evangelhos, qual seja, a escolha e o envio dos Doze. Mas no relato de Mateus há vários detalhes que nenhum dos outros registra. Por exemplo, somente aqui nós recebemos a informação que o Senhor, quando enviou os doze, lhes deu uma ordem dizendo: “Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos; mas, depreferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel” (10.5,6). O fato é perfeitamente apropriado aqui, mas estaria deslocado em qualquer outro dos Evangelhos. Repare, também, que o Senhor acrescentou: “e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus” (verso 7). Veja como isso descreve com perfeição o propósito dispensacional do Evangelho de Mateus! Era somente às “ovelhas perdidas da casa de Israel” que eles deveriam dizer que “está próximo o reino dos céus”!

Mateus Capítulo doze
Em Mateus 12, vemos registrado o mais notável dos milagres realizados pelo Messias antes
que Ele rompesse com Israel. Foi a cura do endemoninhado cego e mudo. Lucas também
registra o mesmo milagre, mas quando Mateus descreve os efeitos dessa maravilha sobre o povo que a testemunhou, ele menciona uma coisa que Lucas omite, algo que de forma
impressionante ilustra o especial propósito do Evangelho de Mateus. Na passagem paralela, em Lucas 11.14, lemos: “De outra feita, estava Jesus expelindo um demônio que era mudo. E
aconteceu que, ao sair o demônio, o mudo passou a falar; e as multidões se admiravam”, e aqui o médico amado pára. Mas Mateus continua: “E toda a multidão se admirava e dizia: É este, porventura, o Filho de Davi?” Vemos, dessa forma, outra vez, que o propósito particular de Mateus, inspirado pelo Espírito Santo, era evidenciar a realeza de Cristo.

Mateus capítulo treze
Em Mateus 13, encontramos as sete parábolas do reino (em sua forma “misteriosa”), a
primeira das quais é a famosa parábola do semeador, da semente e dos quatro tipos de solo.
Tanto Marcos como Lucas registram essa parábola, mas com diferenças de detalhes que lhes são Características. Chamamos sua atenção a um dos pontos na interpretação feita por Cristo.
Marcos diz: “O semeador semeia a palavra” (4.14). Lucas diz: “Este é o sentido da parábola: a
semente é a palavra de Deus” (8.11). Mas Mateus, coerentemente com o seu tema, diz:
“Atendei vós, pois, à parábola do semeador. A todos os que ouvem a palavra do reino...”
(13.18,19). Esse é um dos menores pontos, mas como evidencia a perfeição da Sagrada
Escritura, nos mínimos detalhes! Como isso evidencia que não foi um mero homem ou meros
homens que escreveram este Livro dos livros! Podemos cantar, alto e bom som: “Quão firme

fundamento,/ ò santos de Deus,/ tendes pra fé/ na Sua maravilhosa Palavra”.
Por Que Quatro Evangelhos? — A. W. Pink

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Pare leia e pense!

Romanos 5: 6 – 10
Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer.
Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.
Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.
Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida.
 
1 – Coisas do nosso passado
Romanos 5: 6, 8 e 10
6 – Fracos e ímpios
8 – Pecadores
10 – Inimigos

2 – Do nosso presente
Romanos 5: 10
 – Reconciliados

3 – Coisas do nosso futuro
Romanos 5: 9 e 10
9 – Seremos salvos

10 – Seremos salvos

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

O Evangelho de Mateus - O Manifesto do Rei Jesus


O “Sermão do Monte” apresenta o Manifesto do Rei . Ele contém a “Constituição” do Seu
reino. Ele define o caráter daqueles que haverão de entrar nesse reino. Ele fala das experiências pelas quais haverão de passar enquanto se ajustam para esse reino. Ele anuncia as leis que haverão de governar a conduta deles. A autoridade do Rei fica evidenciada pelos Seus “Eu, porém, vos digo”, repetidos não menos do que catorze vezes neste “Sermão”. O efeito que Suas palavras tiveram sobre os Seus ouvintes fica evidente nos versículos finais: “Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas” (Mateus 7.28,29).

Uma outra evidência que registra a autoridade de Cristo (sempre a característica mais
proeminente associada a um rei), e que se acentua muito neste Evangelho, é o Seu controle
sobre os anjos. Uma das coisas associadas aos reis é a quantidade de servos à sua disposição,
súditos que aguardam o seu comando. Isso nós também encontramos associado ao “Filho de
Davi”. Em Mateus 13.41, lemos: “Mandará o Filho do Homem os seus anjos, que ajuntarão do
seu reino todos os escândalos e os que praticam a iniquidade”. Note que aqui esses servos
celestiais não são chamados “os anjos”, mas especificamente “os Seus anjos”, ou seja, os anjos do Messias, e repare que foram enviados como servos do Seu reino. Novamente, em 24.30,31,
lemos: “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem; todos os povos da terra se
lamentarão e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória. 

Em marcante contraste com o “Sermão do Monte” de Mateus, temos o “Sermão da Planura” de Lucas 6.17ss. Quão significativo e apropriado é isso! Lucas apresenta o Senhor Jesus como “Filho do Homem”, nascido numa manjedoura, participante das tristezas e sofrimentos do homem. Quão apropriado, então, que aqui Ele esteja falando de uma “planura” – o nível comum, em vez de falar de um “monte” – o lugar da eminência!  E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus”. Outra vez, em 26.53: “Acaso, pensas que não posso rogar a meu Pai, e ele me mandaria neste momento mais de doze legiões de anjos?” Chamamos sua atenção para o fato de Mateus ser o único que registra essas palavras.

Mas ainda há outra evidência da majestade real de Cristo que devemos destacar. Como
bem sabemos, os reis são honrados pelo respeito que lhes é tributado pelos seus súditos. Não é preciso que nos surpreendamos, portanto, ao encontrar neste Evangelho, que descreve o
Salvador como o “Filho de Davi”, que Cristo com frequência é visto como Aquele diante de
Quem os homens se prostram. Só vemos uma vez, em Marcos, Lucas e João, de alguém que O
adorou, mas aqui em Mateus vemos isso nada menos que dez vezes! Veja 2.2,8,11; 8.2; 9.18;
14.33; 15.25; 20.20; 28.9,17.

Por Que Quatro Evangelhos? — A. W. Pink

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

ARMADO

I Pedro 4: 1

Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este mesmo pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado.



Um pensamento vigoroso é a mais elementar e vitoriosa arma de guerra - Armai-vos também vós com este pensamento.

Quem escreveu a carta é usuário do pensamento de vitória, pois não há como indicar bem aquilo que não se conhece, não é verdade?

Armar-se com um pensamento de vitória em Cristo Jesus é determinante para se ganhar a luta contra o pecado em nós.

Quando a cidadela é rodeada pelo pecado (Hebreus 12:1); preciso me armar com este pensamento,"aquele que padeceu na carne, já cessou do pecado.

Quando o desafio a santidade é feito por aqueles que transitam bem entre dois senhores, use a arma; se Jesus padeceu pelo meu pecado, esse pecado já cessou na minha carne.

Jesus padeceu na carne, mas quem deve parar de pecar sou eu, pois Jesus não pecou.

Por que se armar com um pensamento destes?

Primeiro porque é ordem, e é de Deus, pois é Escritura Sagrada a Palavra que está em Pedro.

Segundo o apóstolo experimentou, tanto é, que escreve a respeito de alguns que não cessavam de pecar - II Pedro 2: 14.

Terceiro pela nossa própria experiência; se Já deixamos tantos pecados porque não deixar todos? Se Jesus veio nos salvar dos pecados, não veio salvar de alguns, mas de todos os pecados.

Quarto e último motivo para nos armarmos com este pensamento. Não há impossíveis para Deus.

Evangelho de Mateus - Capítulo Cinco


Repare-se cuidadosamente que Mateus, mais uma vez, é o único dos quatro Evangelistas que faz menção de que a pregação do Senhor Jesus é “o evangelho do reino”, assim como somente ele nos informa que os doze foram enviados, às ovelhas perdidas da casa de Israel, com a mensagem “está próximo o reino de Deus”. Como isso é significativo! E como isso indica, novamente, o caráter peculiarmente judeu desses capítulos iniciais do Novo Testamento!
Esses milagres de cura do Messias resultaram em fama que se espalhou por todos os lados
da terra, e grandes multidões passaram a segui-lO. É nessa altura que lemos: “Vendo Jesus as
multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele
passou a ensiná-los” (5.1,2). Sentimo-nos tentados a parar aqui, para examinar detalhadamente esta importante e tão mal compreendida porção das Escrituras — o Sermão do Monte.

Mas não podemos nos desviar do propósito central deste livro; por isso, tudo o que deixaremos aqui serão algumas poucas palavras à guisa de resumo.
A primeira coisa que devemos observar é que o “Sermão do Monte” registrado em Mateus
5 a 7 é peculiar a este primeiro Evangelho; nenhuma menção dele é feita em nenhum dos
outros três. Isso, juntamente com o fato de que em Mateus o “Sermão do Monte” se encontra
na primeira seção do livro, é suficiente para indicar o seu comportamento dispensacional. Em
segundo lugar, o lugar de onde foi proferido este “Sermão” nos fornece outra chave para o seu propósito. Ele foi proferido numa “montanha”. Quando o Salvador subir ao monte, Ele Se
elevou acima do nível comum e, simbolicamente, assumiu Seu lugar no trono. Mateus 5.1 deve
ser comparado com 17.1 — foi numa montanha que o Messias foi “transfigurado”, e nessa
magnífica cena tivemos uma espetacular visão em miniatura da vinda do “Filho do Homem no
seu reino” (veja 16.28). Outra vez, em 24.3, lemos que foi numa montanha que Cristo
pronunciou esta tremenda profecia (registrada em 24 e 25) que descreve as condições que
haverão de prevalecer logo antes do estabelecimento do reino de Cristo, e que nos revela
aquilo que será tornado público quando Ele assentar-Se no trono da Sua glória. Devemos
comparar essas passagens bíblicas a duas outras do Velho Testamento, que confirmam aquilo
que acabamos de mencionar. Em Zacarias 14.4, lemos: “Naquele dia, estarão os seus pés sobre
o monte das Oliveiras” — a referência aqui é à volta de Cristo à terra para estabelecer Seu
reino. Noutro lugar, no Salmo 2, lemos que Deus haverá de dizer, apesar da resistência
conjunta dos governantes da terra: “Eu, porém, constituí o meu Rei sobre o meu santo monte

Sião”.
Por Que Quatro Evangelhos? — A. W. Pink

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

o Evangelho de Mateus - Capítulo quatro

A primeira metade de Mateus 4 registra a tentação de nosso Senhor, assunto que não
vamos tratar neste momento. A próxima coisa que nos é relatada é: “Ouvindo, porém, Jesus
que João fora preso, retirou-se para a Galileia; e, deixando Nazaré, foi morar em Cafarnaum,
situada à beira-mar, nos confins de Zebulom e Naftali” (4.12,13), e isso ocorreu para que se
cumprisse uma profecia de Isaías. Depois, lemos: “Daí por diante, passou Jesus a pregar e a
dizer: Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (4.17). Parece que as palavras
“Daí por diante” se referem à prisão de João Batista. A mensagem de João fora “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (3.2), e agora que o seu precursor foi encarcerado, o Messias Ele mesmo adota a mesma mensagem — a proclamação do reino. Em harmonia com isso, lemos: “Percorria Jesus toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho (repare bem: não é o “evangelho da graça de Deus” — Atos 20.24; nem mesmo o “evangelho da paz” — Efésios 6.15, mas o evangelho) do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades entre o povo” (Mateus 4.23).

Os milagres de cura do nosso Senhor não foram meras exibições de poder, ou
manifestações de misericórdia; eles foram também um suplemento da Sua pregação e ensino, e o seu valor primordial era comprobatório. Esses milagres, frequentemente chamados de
“sinais”, formavam uma parte essencial das credenciais do Messias. Temos isso confirmado, de
forma inequívoca, em Mateus 11. Quando João Batista foi lançado na prisão, sua fé em Jesus
como o Messias se estremeceu, e ele enviou dois dos seus discípulos a Jesus para perguntar: “És tu aquele que estava para vir ou havemos de esperar outro?”. Repare, cuidadosamente, a
resposta do Senhor: “E Jesus, respondendo, disse-lhes: Ide e anunciai a João o que estais
ouvindo e vendo: os cegos vêem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos
ouvem, os mortos são ressuscitados, e aos pobres está sendo pregado o evangelho” (11.4,5). O Senhor recorreu a duas coisas: Seu ensino e Seus milagres de cura. Esses dois, juntos, são
citados outra vez em 9.35: “E percorria Jesus todas as cidades e povoados, ensinando nas
sinagogas, pregando o evangelho do reino e curando toda sorte de doenças e enfermidades ”. E outra vez, quando o Senhor enviou os doze: “mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de Israel; e, à medida que seguirdes, pregai que está próximo o reino dos céus . Curai enfermos , ressuscitai mortos, purificai leprosos, expeli demônios; de graça recebestes, de graça dai” (10.6-8). Os milagres de cura, então, estavam inseparavelmente relacionados com o testemunho do reino. Eles estavam entre os mais importantes dos “sinais dos tempos” a respeito dos quais o Messias repreendeu os fariseus e saduceus porque eles não os estavam discernindo (veja Mateus 16.1-3).

Por Que Quatro Evangelhos? — A. W. Pink

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O Evangelho de Mateus - O Reino Rejeitado e o Batismo Com Fogo

Eles queriam, de fato, a libertação do domínio romano. Queriam, de fato, ser libertos para
sempre do jugo dos gentios. Anelavam, de fato, um milênio de tranquila prosperidade numa
Palestina restaurada, mas eles não queriam isso segundo as condições de DEUS.
Em todos os quatro Evangelhos, há menção do ministério de João Batista — uns com mais
outros com menos detalhes —, mas Mateus é o único que registra estas palavras: “Arrependei vos, porque o Reino dos céus está próximo”. Se não considerarmos isto, não estaremos
“manejando bem a palavra da verdade”. Isso é não perceber as distinções características que o Espírito Santo imprimiu nos quatro Evangelhos. É reduzir as quatro delineações independentes da pessoa e do ministério de Cristo a uma confusão sem sentido. É revelar a incompetência de um pretenso mestre das Escrituras, alguém que não é um “escriba versado no reino dos céus” (Mateus 13.52).
O batismo de João confirmou a sua pregação. Ele batizou “à vista de arrependimento”, e
no Jordão, o rio da morte. eram batizados “confessando os seus pecados” (Marcos 1.5), dos
quais a morte era a paga justa, o salário merecido. Mas o batismo cristão é totalmente diferente disso: nele, não assumimos o lugar daqueles que merecem a morte, mas daqueles que declaram o fato de que já morreram com Cristo.

Não é nosso propósito empreender uma exposição detalhada deste Evangelho; em vez
disso, selecionamos os traços que são característicos e peculiares a este primeiro Evangelho.
Por isso, talvez devamos reparar numa expressão encontrada em 3.11, e que não ocorre em
nenhum outro lugar do Novo Testamento a não ser nos Evangelhos, e esta referência é a mais
notável porque ela é parcialmente citada no livro de Atos. Aqui o precursor do Senhor fala com os fariseus e saduceus, que “vinham ao batismo”. João Batista logo percebeu que eles não
estavam em condições de serem batizados; eles tinham sido advertidos a fugir da ira vindoura, e tinham de produzir “fruto digno de arrependimento” (no caso deles, humilhar-se diante de Deus, abandonar suas soberbas pretensões e justiça própria, e assumir lugar entre aqueles que sinceramente se reconheciam como pecadores e confessavam seus pecados publicamente), e a quem João tinha dito: “e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão;
porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos (repare bem, não filhos a
Deus, mas sim) a Abraão” (verso 9); a esses João anunciou: “mas aquele que vem depois de
mim é mais poderoso do que eu, cujas sandálias não sou digno de levar. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo”.

Em Atos 1, onde observamos o Senhor ressuscitado entre os Seus discípulos, lemos: “E,
comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes. Porque João, na verdade, batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo, não muito depois destes dias” (vv.4,5). O Seu precursor havia declarado que Cristo batizaria Israel com “o Espírito Santo e com fogo”, contudo aqui o Senhor menciona apenas que os discípulos seriam batizados com o Espírito Santo. Por que isso? Por que o Senhor Jesus omite as palavras “e com fogo”? A resposta é que nas Escrituras “fogo” está ligado, sem exceção, com o juízo divino. Desta forma, a razão é óbvia por que o Senhor omite “e com fogo” destas Suas palavras registradas em Atos 1. Ele estava prestes a agir não em julgamento, mas em graça!

Também é evidente por que as palavras “e com fogo” são registradas por Mateus, porque esse Evangelho trata, essencialmente, com relacionamento dispensacional, e revela muita coisa concernente ao tempo do fim. Deus ainda está por “batizar” o Israel infiel “com fogo”, referência feita aos julgamentos da tribulação, durante o tempo da “Tribulação de Jacó”. Nesse tempo se cumprirá a palavra sobre o Messias rejeitado: “A sua pá, ele a tem na mão e limpará completamente a sua eira; recolherá o seu trigo no celeiro, mas queimará a palha em fogo inextinguível” (Mateus 3.12). Quão claramente definem essas palavras o batismo “de fogo”!

O silêncio do Senhor ressuscitado a respeito do “fogo”, ao dirigir-se aos discípulos a
respeito do “batismo com o Espírito Santo”, recebe força e significância quando descobrimos
que o Evangelho de Marcos fornece a essência daquilo que Mateus registra do discurso de João Batista, mas omite as palavras “e com fogo” — “Após mim vem aquele que é mais poderoso do que eu, do qual não sou digno de, curvando-me, desatar-lhe as correias das sandálias. Eu vos tenho batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo” (Marcos 1.7,8). Por que isso? Porque, como já assinalamos, “fogo” é o conhecido símbolo do julgamento de Deus (muitas vezes manifestado com fogo literal), e Marcos, que apresenta Cristo como o Servo de Jeová, foi, obviamente, orientado pelo Espírito, a omitir as palavras “e com fogo”, porque como Servo Ele não executa juízo. As palavras “e com fogo” encontram-se, contudo, em Lucas, e isso outra vez é muito significativo. Uma vez que Lucas apresenta Cristo como “o Filho do Homem”, e em João 5 lemos: “E lhe deu autoridade para julgar, porque é o Filho do Homem” (verso 27). Essa inclusão das palavras “e com fogo” nos Evangelhos de Mateus e de Lucas, e omitidas em Marcos, evidenciam de forma assombrosa a inspiração verbal das Escrituras, acima da capacidade dos instrumentos usados por Ele no escrever da Palavra de Deus!

Os versículos finais de Mateus 3 nos mostram o Senhor Jesus, em maravilhosa graça,
assumindo Seu lugar com o remanescente fiel de Israel: “Por esse tempo, dirigiu-se Jesus da
Galileia para o Jordão, a fim de que João o batizasse” (3.13). João ficou tão chocado que, a
princípio, não quis batizá-lo (são poucos os homens, mesmo os melhores deles, que entendem
as coisas de Deus): “Ele, porém, o dissuadia, dizendo: Eu é que preciso ser batizado por ti, e tu
vens a mim?” (3.14). Repare, mais uma vez, que Mateus é o único dos Evangelistas que
menciona esse recuo do Batista diante da pretensão de Jesus de batizar-Se. E aqui é o lugar
próprio para registrar esse fato, porque ele ressalta a real dignidade e majestade do Messias de Israel. Não vamos nos deter, agora, no significado e no propósito do batismo do Salvador; por ora é suficiente dizer que isso revelou Cristo como Aquele que viria dos céus para agir como o Substituto do Seu povo, para morrer em seu lugar, e dessa forma Ele, no início do Seu
ministério público, Se identifica com aqueles a quem Ele representa, assumindo o Seu lugar ao
lado deles naquilo que falava de morte. A descida do Espírito Santo sobre Ele confirma que Ele é o verdadeiro Messias, o Ungido (veja Atos 10.38), e o testemunho audível do Pai atesta a Sua idoneidade e capacidade de realizar a Obra que Ele estava para executar.

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

O Evangelho de Mateus - João O Batista Aquele Que Batiza


João pregou ao povo da promessa, e se restringiu à terra da Judeia. Ele não pregou em
Jerusalém, mas permaneceu no deserto. A razão é óbvia: Deus não iria aprovar o degenerado
sistema do judaísmo, mas pôs o Seu mensageiro fora do círculo religioso daqueles dias. O
“deserto” nada mais era do que uma simbologia da esterilidade e desolação espiritual de Israel.
A mensagem de João era simples e direta: “Arrependei-vos”. Era um chamamento a Israel
para se julgarem a si mesmos. Era uma palavra que demandava da parte dos judeus colocar-se no lugar apropriado diante de Deus, confessando os seus pecados. Era somente dessa forma que se poderia preparar um povo para o Senhor, o Messias.
O chamado ao arrependimento recebeu um reforço apropriado com um aviso apropriado: “Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus”. Repare, “Arrependei-vos” não porque “o Salvador está próximo”, nem porque “O Deus encarnado já está entre vós”, nem mesmo porque “Uma nova dispensação se iniciou”; mas porque “o Reino dos Céus está próximo”. O que será que os ouvintes de João entenderam com essa expressão? Que significado será que esses judeus atribuíram a essas palavras? É evidente que o Batista não empregou linguagem que os seus ouvintes não pudessem compreender. E ainda nos dizem que devemos acreditar que João estava, aqui, apresentando o Cristianismo! É difícil imaginar teoria mais extravagante e ridícula. Se, ao dizer “O Reino dos Céus”, João queria dizer a dispensação cristã, então ele se dirigiu a esses ouvintes judeus numa língua desconhecida. Isso nós afirmamos com cautelosa serenidade: se João ordenou o arrependimento a seus ouvintes porque a dispensação cristã estava-se iniciando, ele estava zombando deles, por empregar um termo que não apenas era completamente incompreensível para eles, mas também totalmente equivocado. Acusar o mensageiro de Deus de fazer isso quase equivale a cometer um pecado cujo nome preferimos nem mencionar.

Insistimos na pergunta: O que, então, os ouvintes de João entenderam quando ele disse:
“Arrependei-vos, porque está próximo o Reino dos Céus”? Ao se dirigir a pessoas que estavam familiarizadas com as Escrituras do Antigo Testamento, só haveria uma forma de entender as palavras dele, ou seja, que ele estava se referindo ao Reino de que inúmeras vezes falaram os seus profetas — o Reino Messiânico. Aquilo que haveria de distinguir o Reino Messiânico de todos os reinos que o precederam era isto: todos os reinos deste mundo eram dominados por Satanás e suas hostes, enquanto o Reino Messiânico, quando estabelecido, seria o governo dos Céus sobre a terra.

Surge a questão: por que Israel rejeitou o Reino para o qual o seu coração estava sendo
preparado? Não significaria o estabelecimento do Reino Messiânico o fim do domínio romano? 
E não era isso o que eles desejavam mais do que a qualquer outra coisa? Em resposta a isso, há várias coisas que temos de considerar. Em primeiro lugar, é errado dizer que Israel “recusou” o Reino, porque, na verdade, o Reino em nenhum momento foi “oferecido” a eles — o Reino, na verdade, foi anunciado ou proclamado. O Reino estava “próximo” porque o Herdeiro do trono de Davi estava prestes a apresentar-Se a eles.
Em segundo lugar, antes que se pudesse estabelecer o Reino, Israel teria de se “arrepender”, mas isso, como se sabe muito bem, era exatamente aquilo que eles, como nação, terminantemente se recusaram a fazer. Em Lucas 7.29,30 lemos: “Todo o povo que o ouviu e até os publicanos reconheceram a justiça de Deus, tendo sido batizados com o batismo de João; mas os fariseus e os intérpretes da Lei rejeitaram, quanto a si mesmos, o desígnio de Deus, não tendo sido batizados por ele”.

Em terceiro lugar, talvez o leitor entenda melhor o que pretendemos dizer se usarmos a ilustração de uma analogia: o mundo, na atualidade, deseja ardentemente uma Nova Era. Um milênio de paz e descanso é o grande desiderato de diplomatas e políticos. Mas eles a querem em seus próprios termos. Desejam criá-la por seus próprios esforços. Eles não desejam um Milênio instalado pela volta à terra do Senhor Jesus Cristo. Era exatamente assim com Israel nos dias de João Batista.
Por Que Quatro Evangelhos? — A. W. Pink 

terça-feira, 26 de novembro de 2013

O Evangelho de Mateus - Transição

Em seguida, lemos: “Tendo eles partido, eis que apareceu um anjo do Senhor a José, em
sonho, e disse: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e permanece lá até que
eu te avise; porque Herodes há de procurar o menino para o matar” (2.13). Repare que é José
e não Maria que aparece tão destacadamente nos primeiros dois capítulos de Mateus, porque
não foi por meio de Sua mãe, mas sim através do Seu pai legítimo (adotivo) que o Senhor Jesus obteve o título do trono de Davi — compare Mateus 1.20, onde José é chamado “filho de
Davi”! Também é digno de nota que Mateus é novamente o único dos quatro Evangelistas que
registra essa jornada ao Egito, e o subsequente retorno à Palestina. Isso é profundamente
sugestivo, incrivelmente de acordo com o propósito especial deste primeiro Evangelho, porque mostra como o Messias de Israel ocupou o mesmíssimo lugar onde Israel começou sua história como nação!
“Tendo Herodes morrido, eis que um anjo do Senhor apareceu em sonho a José, no Egito,
e disse-lhe: Dispõe-te, toma o menino e sua mãe e vai para a terra de Israel; porque já
morreram os que atentavam contra a vida do menino. Dispôs-se ele, tomou o menino e sua
mãe e regressou para a terra de Israel” (2.19-21). Uma vez mais, descobrimos uma expressão
que revela o caráter peculiarmente judeu da exposição que Mateus faz de Cristo. Este é o único lugar no Novo Testamento onde a Palestina é chamada “a terra de Israel”, e a expressão aparece de forma significante, pois é usada em conexão com o Rei de Israel, e a promessa de que a Palestina se tornará “a terra de Israel” somente se cumprirá de fato no momento em que Ele estabelecer o Seu trono em Jerusalém. Todavia, quão tragicamente sugestiva é a declaração que imediatamente se segue aqui, e que encerra o capítulo 2 de Mateus. Mal nós lemos sobre “a terra de Israel”, e já encontramos um “Mas”; e, nas Escrituras, “mas” sempre assinala um contraste. Lemos aqui: “Tendo, porém, ouvido que Arquelau reinava na Judeia em lugar de seu pai Herodes, temeu ir para lá; e, por divina advertência prevenido em sonho, retirou-se para as regiões da Galileia. E foi habitar numa cidade chamada Nazaré, para que se cumprisse o que fora dito por intermédio dos profetas: Ele será chamado Nazareno” (2.22,23). Nazaré era o mais desprezado lugar daquela desprezada província da Galileia, contudo vemos quão logo o Messias assumiu o lugar de desprezo, novamente prenunciando Sua rejeição pelos judeus — contudo, observe-se que a menção de “Nazaré” veio depois da menção de “a terra de Israel”.
Mateus 3 começa apresentando-nos uma figura impressionante: “Naqueles dias” — ou seja,
enquanto o Senhor Jesus permanecia na desprezada Nazaré da Galileia — “apareceu João
Batista pregando no deserto da Judeia”. Ele era o anunciado precursor do Messias de Israel. Ele era aquele de quem Isaías havia dito que prepararia o caminho para o Senhor, e prepararia um povo para recebê-lO assim que Ele Se apresentasse ao público. Ele veio “no espírito e poder de Elias” (Lucas 1.17), para executar trabalho similar ao do tisbita (Mateus 3.3,4).
Por Que Quatro Evangelhos? — A. W. Pink